Projetos de ressocialização profissionalizam jovens das Uneis

Enquanto ocupam o tempo que seria ocioso, muitos adolescentes das Unidades Educacionais de Internação (Uneis) de Campo Grande têm a oportunidade de também aprender uma profissão. No dia 17 de dezembro de 2008, com a formatura de 116 jovens, que concluíram os cursos de mecânica em motocicleta e mecânica de veículos a álcool, diesel e gasolina, mais uma etapa do projeto de profissionalização oferecido pela Vara da Infância e Juventude da capital foi cumprida. Os cursos foram realizados em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) e ministrados aos meninos que cumprem medidas sócio-educativas no meio aberto. A oportunidade incluiu até a oficina da Base Aérea de Campo Grande como um dos cenários para a aprendizagem.

O juiz titular da Vara, Dr. Danilo Burin, lembra que há quatro anos mais de cem outros jovens também conseguiram se profissionalizar com projeto semelhante ao desenvolvido pela SAS, e ressalta a importância dos cursos de profissionalização oferecidos nas Uneis. "Eles precisam tanto deste tipo de ação, e a gente chega a vibrar muito com a formatura deles". Ele classifica como fundamental na ressocialização dos jovens a ocupação do tempo na confecção de trabalhos manuais e a participação nos cursos e oficinas. Segundo o juiz, para este ano de 2009, além das ações contínuas que os internos participam, há também o interesse em desenvolver novos projetos com parcerias que visem contribuir na formação dos internos. "O trabalho de buscar parceria é feito todo ano para a preservação do projeto, que mantém os adolescentes com o tempo ocupado", explica.

O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) determina a aplicação de medidas sócio-educativas para a posterior reintegração dos adolescentes à sociedade. O Dr. Danilo Burin cita que, como atividades "fixas", os jovens já participam continuamente de cursos de informática, marcenaria, artesanato, além dos cursos de mecânica, entre outros. "Há atividades que os próprios jovens organizam e realizam entre si", comenta. Aulas de violão, mecânica de moto e manutenção de bicicletas são atividades que, segundo o magistrado, merecem uma atenção especial para o prosseguimento do projeto. "Para os cursos, temos sete kits de equipamentos, temos ainda três violões e, se for preciso, vamos adquirir mais, mas há necessidade de professores", explica, ao concluir que para novos projetos há até o interesse no apoio de educadores voluntários.

O curso para manutenção de bicicletas, segundo Dr. Danilo Burin, é um dos projetos que deve ser "trabalhado" ainda para 2009, pois, além de dar continuidade à ação de ressocialização, é uma maneira de reformar boa parte dos produtos de furto e roubo que aguardam uma destinação em depósitos do Poder Judiciário Estadual. "Seria até o caso de estudarmos uma parceria com o próprio Tribunal de Justiça para utilização dessas bicicletas", conclui.

Renda - Outra ação que visa a ressocialização e que vem dando bons resultados é a produção de artigos artesanais pelas meninas internas da Unei Estrela do Amanhã. Os trabalhos resultam em artigos de decorações feitos de papel, como objetos natalinos, bijuterias, entre outros, e acabam por gerar uma renda também a esses jovens. O dinheiro "conquistado" com a venda das peças, que podem ser adquiridas em exposições organizadas ao longo do ano pelos mantenedores do projeto, têm destino certo: ou auxilia o próprio jovem ou é revertido para aquisição de material para a produção de novas peças.

O trabalho dos adolescentes pôde ser visto recentemente na 14ª edição da exposição que aconteceu no saguão do Fórum de Campo Grande, com o auxílio da SETASS, SED e Escola Professora Evanilda Maria Neres Cavassa. No início, a exposição contava com uma participação tímida, mas no fim de novembro de 2008 já houve melhora em quantidade e qualidade das peças.